Carambola pode matar doente renal crônico, diz pesquisa
Ribeirão Preto – Uma pesquisa iniciada em 1996 na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), descobriu que a carambola possui uma neurotoxina (só atua no sistema nervoso) que pode levar os doentes renais crônicos à morte. “Pacientes com insuficiência renal estão proibidos de comerem o fruto ou o doce ou ingerirem o suco de carambola”, afirma o professor associado do Departamento de Bioquímica e Imunologia da faculdade, Joaquim Coutinho Neto. A cura dá-se com a hemodiálise.
Fonte:http://curapelanatureza.blogspot.com/2008/09/carambola-averrhoa-carambola-l.html
Em 35 casos documentados com doentes nessa situação, o médico-assistente da Divisão de Nefrologia do Hospital das Clínicas, Miguel Moysés Neto, constatou sete óbitos, dois anteriores ao início do estudo.
“A carambola é saudável, boa e rica em vitamina C, e só faz mal às pessoas que tenham insuficiência renal”, afirma Coutinho. Ele recomenda ainda atenção aos diabéticos que tenham lesão renal e epilépticos em tratamento.
Moysés acrescenta que os pacientes que fazem diálise peritonial e até os que não fazem a diálise também não devem alimentar-se de carambola para não correr riscos. Coutinho revela ainda outro detalhe curioso: a toxina da fruta age como um inseticida natural. E um inseticida comercial está em estudo.
A pesquisa começou quando Moysés recebeu um paciente que fazia diálise, de cerca de 54 anos, em agosto de 1996. Ele tinha sintomas estranhos, como confusão mental e soluços incoercíveis (intratáveis). Após 36 horas, ele morreu. Os exames clínicos nada constataram. A única diferença era que o paciente tomou antes um suco de carambola.
Moysés sabia que pesquisadores de Botucatu, em 1992, haviam citado que vários pacientes renais tiveram soluços quando um deles distribuiu carambolas aos colegas, antes de uma sessão. Os parentes nada apresentaram. Suspeitava-se que os frutos tinham agrotóxicos, mas não pesquisou-se e ficou uma lacuna na literatura médica até o surgimento do paciente de Ribeirão Preto, que tinha um pé da fruta no fundo do quintal, descartando a possibilidade do uso de agrotóxico.
Uma semana após a morte do paciente, Moysés atendeu outro que tinha tomado meio litro de suco de carambola. A hemodiálise curou-o e o médico avisou os demais que a carambola poderia ter uma toxina. Para confirmar isso, telefonou para Coutinho e pediu uma análise da fruta. Coutinho injetou sucos no sistema nervoso em cerca de 20 camundongos, verificando que todos tiveram convulsões – alguns morreram e outros tiveram um mal epiléptico. Porém, injetado no estômago, nada apresentaram.
Em seguida, o pesquisador tratou ratos com cloreto de mercúrio, provocando lesões renais crônicas nos animais, para simular um humano nessa situação. Aí, com o suco injetado no estômago, os ratos apresentaram soluços e convulsões.
“A neurotoxina da carambola, ingerida por uma pessoa normal que come a fruta, é absorvida pela digestão, filtrada pelo rim e excretada, sem sintomas”, diz Coutinho. “Mas, se o rim não funciona, essa toxina é absorvida, concentra-se no sangue, atinge os neurônios em concentração maior e provoca soluços e convulsões.”
A partir daí, intensificaram-se os estudos. Outros pacientes intoxicados foram atendidos, quatro morreram (de Divinópolis, Uberaba, São Paulo e Franca) – os outros dois, um de Ribeirão Preto e outro de Franca, morreram antes do início da pesquisa. “Um intoxicado grave morre até com o tratamento; a convulsão avançada é quase irreversível”, explica ele.
O primeiro trabalho publicado no mundo sobre esse assunto ocorreu em 1998, pela revista européia Nephrogy Dialysis Transplantation, quando Moysés e Coutinho descreveram os seis primeiros casos. Até setembro deste ano, o segundo trabalho, com 32 casos (não deu tempo de incluir os três últimos) será publicado pela mesma revista. Cientistas chineses publicaram um artigo nos Estados Unidos em 2000 também sobre a carambola com doentes renais crônicos, citando 20 casos e oito óbitos.
Coutinho diz ainda que a carambola tem dez variedades, com diferenças de uma para outra. As mais ácidas têm mais toxina e não bicham, enquanto as maiores e mais coloridas têm menos toxina. “A árvore, em sua evolução, selecionou a toxina para se defender do ataque das moscas das frutas”, diz o pesquisador. “É um inseticida biológico, natural.”
Ele diz que os agricultores podem plantar pés de carambolas ao redor dos pomares ou colocar frutos em pontos estratégicos para combater as moscas. O pesquisador tenta desenvolver um inseticida comercial a partir da toxina já purificada. Após determinar a estrutura química completa, será feita a síntese laboratorial para chegar-se ao inseticida, provavelmente no final de 2003, após testes de campo.
http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2002/mai/29/279.htm
AGÊNCIA ESTADO
sábado, setembro 03, 2011
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