Drogas, ou a grande angústia do século
A sociedade ainda não sabe como lidar com elas. Revista Época - ZUENIR VENTURA
Qual é o principal medo deste fim de milênio? Será o medo do medo, a paranóia? O que há de comum entre os medos medievais e os de agora? Escrevendo sobre isso e tentando estabelecer um paralelo entre o ano 1000 e o ano 2000, o medievalista Georges Duby chegou à conclusão de que havia naquele distante começo de era cinco medos básicos: da miséria, do outro, das epidemias, da violência e do além.
Todos continuam presentes hoje no Brasil e no mundo, acrescidos de um novo, o medo das drogas - talvez o mais incontrolável, já que para os outros há sempre a esperança de um antídoto ou uma vacina, inclusive para a Aids, a última grande epidemia do século. Haverá "cura" para as drogas?
É fundamental o que está sendo feito contra elas no país neste momento. Tentar desmantelar a rede do narcotráfico, com suas conexões internas e externas, impedir a ação dos traficantes, botá-los na cadeia - combater tudo o que engrossa o caldo de cultura da violência urbana - é indispensável. Mas não é suficiente. A droga só será vencida quando começar a ser resolvida em casa, no interior da família, dentro de nós mesmos.
Muitas vezes, ela é uma aparente causa que esconde a verdadeira, como no caso desse exterminador do MorumbiShopping. A história é exemplar de uma atitude. A família - porque fornecia ao filho assistência médica, custeava seu curso de Medicina e ainda o mantinha com boa mesada, contanto que ficasse a distância, bem longe do problema - acreditava estar cumprindo seu papel.
O pai, chocado, disse que estava sentindo "o mesmo" que os pais das vítimas. "Meu filho está doente, e pai tem de ficar ao lado do filho mesmo que ele esteja errado, como o meu está." Os pais das vítimas com certeza prefeririam que ele tivesse ficado "ao lado" antes, porque assim, quem sabe, talvez pudesse ter evitado a desgraça.
Não lhe passou pela cabeça que a melhor maneira de aprisionar um esquizofrênico em seu inferno é entregá-lo a suas vozes interiores, a seus próprios demônios. Pode ser fácil dizer isso agora, depois que aconteceu, mas é fácil também jogar depois a culpa em cima de um filme desnorteador e das drogas, por mais que essa combinação faça mal à saúde mental dos jovens.
É evidente que alguém com aquelas graves perturbações psicológicas e mentais não deveria ser largado à própria sorte, ou pior, jogado nas mãos de um traficante, de drogas e de armas. É provável que ele fosse mais dependente da doença do que das drogas. Pesquisas e estudos avançados sobre o uso de tóxico indicam que um jovem se vicia e se torna dependente para escapar de uma vida insuportável, ou seja, para fugir do inferno, mais do que para ir em busca de um paraíso. E o mais grave é que muitas vezes ele é o sintoma manifesto de uma doença maior, a própria família.
A sociedade pode até saber o que fazer com os traficantes, mas ainda não sabe como lidar com as drogas - e essa talvez seja a incerteza mais angustiante deste tão incerto final de século. Não adianta achar que a polícia vai resolver a questão. Ao contrário dos outros medos, a droga é um flagelo cujo vírus costuma estar dentro de casa.-- “Uso de drogas existe solução, mesmo ele não querendo”.
Tadeu Assis - Técnico em Dependência Química.
- Projetos de Prevenção e Palestras em escolas e empresas.
- Tratamento: Modelo Misessota – 12 Passos- TCC.
- Acompanhamento terapêutico e Cursos de Capacitação.
Contato: (22) – 9914.3450
sábado, junho 25, 2011
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